quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Educação Infantil: Eixo Movimento

A Educação Infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os cinco anos de idade, e deve ser oferecida em creches para as crianças de até três anos de idade e em pré-escolas, para as crianças de quatro a cinco anos de idade. Essa primeira etapa da Educação Básica, mesmo não sendo obrigatória, passa a constituir-se em um direito da criança e um dever do Estado e Municípios, fazendo parte da concepção geral de educação no País, com a Lei Diretrizes e Bases da Educação Nacional em 1996.

Dois anos após o Ministério da Educação lançou o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (R.C.N.E.I.), no qual o objetivo é servir como guia de reflexão para os profissionais de Educação Infantil, respeitando seus estilos pedagógicos e a diversidade cultural de nosso país.
O R.C.N.E.I. contém seis eixos de trabalho, no âmbito da experiência do Conhecimento de Mundo que são:

• Movimento
• Música
• Artes Visuais
• Linguagem Oral e Escrita
• Natureza e Sociedade
• Matemática
Em relação ao eixo Movimento os conteúdos estão divididos em expressividade, equilíbrio e coordenação, fazendo parte da vida do ser humano, antes mesmo de seu nascimento.

No bebê, o movimento expressivo é o seu primeiro canal de comunicação. Assim, através dos gestos, ele mobiliza o adulto para o atendimento de suas necessidades. A partir do primeiro ano de vida, as possibilidades de movimento se intensificam como recurso de exploração e no período pré-escolar o movimento esta inserido no contexto da brincadeira.

O Movimento não deve relacionar-se ao desenvolvimento apenas do corpo. As atividades de raciocínio, a resolução de problemas, a criatividade, a criticidade e outras habilidades são importantes para a vida da criança através das práticas pedagógicas.

Através de ações motoras, a criança também interage com a cultura, seja para dominar o uso dos diferentes objetos (instrumentos), seja para usufruir atividades lúdicas e de lazer, como jogos e brincadeiras, esportes, ginásticas, danças, conhecimento do corpo e lutas. Portanto, desempenha um papel decisivo ao dar sentido às ações das crianças.

Pelo movimento a criança conhece mais sobre si mesma e sobre o outro, aprendendo a relacionar-se. Sendo assim é parte integrante da construção da autonomia e identidade, uma vez que contribui para o domínio das habilidades motoras que a criança desenvolve ao longo da primeira infância.

Quando uma criança, por exemplo, quer falar de si, é comum que fale do que consegue fazer: “Eu já sei colocar a blusa”, “Eu sei comer sozinho”. Saber quem ela é, o que consegue fazer, num primeiro momento, pode ser marcado pela gestualidade.

Segundo Wallon a atividade muscular possui duas funções intimamente relacionadas: a função tônica, que regula o grau de tensão dos músculos (tônus) e relaciona-se ao controle e ajustamento postural, e a função cinética, responsável pelo controle do estiramento e encurtamento das fibras musculares em coordenação com os impulsos do sistema nervoso central, que produz o deslocamento do corpo ou de partes dele.

 Em todos os movimentos que realizamos estas funções estão presentes. Para agarrar uma bola, andar ou nadar precisamos controlar nossa postura e, ao mesmo tempo, as cadeias musculares que vão executar o movimento.

Todo este processo de coordenação e controle do movimento envolve o indivíduo como um todo e demanda um incrível gasto energético. Até quando estamos sentados em uma determinada posição há um gasto energético.

É preciso deixar de lado a idéia de que existem formas gestuais ideais, únicas, “certas” que a criança deve aprender. Uma característica singular do movimento humano é a necessidade de construir, ao mesmo tempo, consistência e variabilidade.

Para aprender a andar, por exemplo, é preciso que a criança ganhe consistência em sua capacidade de controlar as relações de equilíbrio postural e as contrações musculares adequadas para realizar o movimento. A consistência garante encontrar um caminho seguro e confiável para realizar o movimento.

É importante garantir espaços apropriados que possa estimular e permitir desafios, ser trabalhado de uma maneira que desenvolva o indivíduo integralmente, principalmente na Educação Infantil, para que a criança possa conhecer a si própria, testar seus limites, modificar seus gestos, compreender a função de seus movimentos e criar novos movimentos que auxiliem a superar suas dificuldades.
Dessa maneira, o movimento é essencial ao ser humano, especialmente às crianças, pois através de uma aprendizagem e estímulos adequados, estas crescerão tornando-se adultos mais conscientes de suas capacidades e habilidades motoras.
Alessandra Aguiar

Psicomotricidade na educação infantil

É de suma importância salientar que o movimento é a primeira manifestação na vida do ser humano, pois desde a vida intra-uterina realizamos movimentos com o nosso corpo, no qual vão se estruturando e exercendo enormes influências no comportamento.
A partir deste conceito e através da nossa prática no contexto escolar, consideramos que a psicomotricidade é um instrumento riquíssimo que nos auxilia a promover preventivos e de intervenção, proporcionando resultados satisfatórios em situações de dificuldades no processo de ensino-aprendizagem.
Segundo Assunção & Coelho (1997, p.108) a psicomotricidade é a “educação do movimento com atuação sobre o intelecto, numa relação entre pensamento e ação, englobando funções neurofisiológicas e psíquicas”. Além disso, possui uma dupla finalidade: “assegurar o desenvolvimento funcional, tendo em conta as possibilidades da criança, e ajudar sua afetividade a se expandir e equilibrar-se, através do intercâmbio com o ambiente humano”.
Os movimentos expressam o que sentimos, nossos pensamentos e atitudes que muitas vezes estão arquivadas em nosso inconsciente. Estruturas o corpo com uma atitude positiva de si mesma e dos outros, a fim de preservar a eficiência física e psicológica, desenvolvendo o esquema corporal e apresentando uma variedade de movimentos.
Através da ação sobre o meio físico com o meio social e da interação como ambiente social, processa-se o desenvolvimento e a aprendizagem do ser humano. É um processo complexo, em que a combinação de fatores biológicos, psicológicos e sociais, produz nele transformações qualitativas. Para tanto desenvolvimento envolve aprendizagem de vários tipos, expandindo e aprofundando a experiência individual.
O professor deve estar sempre atento às etapas do desenvolvimento do aluno, colocando-se na posição de facilitador da aprendizagem e calcando seu trabalho no respeito mútuo, na confiança e no afeto. Ele deverá estabelecer com seus alunos uma relação de ajuda, atento para as atitudes de quem ajuda e para a percepção de quem é ajudado.
Diante disso, percebe-se a importância do trabalho da psicomotricidade no processo de ensino-aprendizagem, pois a mesma está intimamente ligada aos aspectos afetivos com a motricidade, com o simbólico e o cognitivo.
De acordo com Assunção & Coelho (1997, p 108) a psicomotrocidade integra várias técnicas com as quais se pode trabalhar o corpo (todas as suas partes), relacionando-o com a afetividade, o pensamento e o nível de inteligência. Ela enfoca a unidade da educação dos movimentos, ao mesmo tempo que põe em jogo as funções intelectuais. As primeiras evidências de um desenvolvimento mental normal são manifestações puramente motoras.
Diante desta visão, as atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos dos sentidos, ela percebe também os meios como quais fará grande parte dos seus contatos sociais.
Portanto, a educação psicomotora na idade escolar deve ser antes de tudo uma experiência ativa, onde a criança se confronta com o meio. A educação proveniente dos pais e do âmbito escolar, não tem a finalidade de ensinar à criança comportamentos motores, mas sim permite exercer uma função de ajustamento individual ou em grupo.
As atividades desenvolvidas no grupo favorecem a integração e a socialização das crianças com o grupo, portanto propicia o desenvolvimento tanto psíquico como motor. Os movimentos, as expressões, os gestos corporais, bem como suas possibilidades de utilização (danças, jogos, esportes...), recebem um destaque especial em nosso desenvolvimento fisiológico e psicológico.
Com base neste contexto, percebemos a importância das atividades motoras na educação, pois elas contribuem para o desenvolvimento global das crianças. Entretanto, as crianças passam por fases diferentes uma das outras e cada fase exige atividades propicias para cada determinada faixa etária.
A psicomotricidade precisa ser vista com bons olhos pelo profissional da educação, pois ela vem auxiliar o desenvolvimento motor e intelectual do aluno, sendo que o corpo e a mente são elementos integrados da sua formação.
Sandra Vaz